Numerais
É muito interessante estudar a Língua Portuguesa. Hoje vamos falar de algumas questões práticas. Lembro-me de uma aula sobre “Numeral”, que ministrei há algum tempo. Falava especificamente a respeito da grafia do numeral “um”. Havia feito uma pesquisa em alguns bancos e perguntado aos caixas se eles pagavam cheques escritos “cincoenta reais” ou “hum mil reais”. Foi uma surpresa! Eles falaram que pagavam sim. Então eu lhes perguntei se eles sabiam que a palavra “cincoenta” não existia, e que “hum” era interjeição. A resposta foi surpreendente. Sabiam que “cincoenta” não existia, mas pagavam assim mesmo e um cheque sem “hum” ou “um”, eles não pagavam, devolviam.
Vamos pensar: dizemos, por exemplo, que consumimos “mil litros de água” ou “hum (um) mil litros de água”? Mil litros de água, não é? Compramos “mil latas de leite em pó” ou “um mil latas de leite em pó”? Mil latas de leite em pó, não é? Então pronto! Mil litros, mil latas, mil reais. Atenção, bancários: nada de devolver cheques por “erro de preenchimento”, quando alguém escreve “mil reais”, “mil e duzentos reais” ...
Além do mais, o numeral é “um”, sem h. E o extenso é “mil”, e não “um mil” e, piorou, “hum mil”: “mil reais”, “mil e quinhentos reais”...
Não sei se você se lembra da propaganda da Brahma que espicha o número 1 transformando-o em “huuuum” ou “hummmm”, não me lembro bem. Pois é aí que mora o perigo. Como falei acima, “hum” é interjeição. Cabe bem numa frase assim: “Hum!!, o doce está uma delícia!”. Só que o bordão da cervejaria é justamente “A número um”. É um pouco forçado querer que se entenda o “um” como uma interjeição, alegando que a cerveja dá água na boca e que por isso o “hum” faz sentido, concorda?
Bom, vamos continuar falando em números. Podemos falar que “Cerca de 224 pessoas assistiram ao filme”? Não é raro encontrarmos na imprensa ou no cotidiano expressões como esta: “Estavam na conferência cerca de 543 pessoas”. Afinal, onde está o erro? A expressão “cerca de” indica idéia de arredondamento, portanto não combina com número exato. Se eu afirmo que 224 pessoas assistiram ao filme, eu sei a quantia exata e não aproximada, arredondada. Teria sentido dizer que “Cerca de 200 pessoas assistiram ao filme” ou que “Estavam na conferência cerca de 500 pessoas”. Nessas situações, ou em outras de mesma natureza, deve-se usar qualquer número redondo. Quando se sabe o número exato, dispensa-se o “cerca de”.
Vejamos! Não custa lembrar que o extenso de 50 é cinquenta, sem o trema, que foi abolido da Língua portuguesa com a reforma ortográfica. Não existe “cincoenta”. O de 14 pode ser “catorze” ou “quatorze”. 600 é escrito “seiscentos”, com “sc”.
Vamos fazer algo diferente hoje? Vamos testar o seu conhecimento? Uma questão prática para você: Oito pessoas vão entrar num elevador do mais alto edifício do mundo. O prédio fica na Malásia. As pessoas têm a obrigação de indicar ao ascensorista (que é brasileiro) o andar a que se dirigem. O que dirá cada uma delas, quando se sabe que os cardinais desses andares são: 37, 14, 22, 78, 89, 117, 211, 254?
Espero que você tenha gostado do assunto.
Professora Leilah Fernandes Lopes. profa.leilah1@gmail.com

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