Gostou da surra em “Ivone”?
A saraivada de tapas, socos e puxões de cabelo que a personagem de Christiane Torloni aplicou na personagem de Letícia Sabatella parou o país na primeira semana de agosto, e, mais uma vez, uma rede de televisão, considerada com uma das maiores do mundo, proporciona um espetáculo que mobiliza milhões de brasileiros que moram no Brasil e outros tantos que se estabeleceram em outros países.
Foi como um jogo de Copa do Mundo, onde “torcemos” para massacrar o adversário. Porém, era a briga de duas mulheres, onde, de um lado, estava uma mulher da alta sociedade, traída, e, de outro, uma profissional em aplicar golpes usando a sensualidade e fetiche para conquistar homens bem-sucedidos.
Até aí nada de excepcional, uma situação muito comum nas sociedades em todo o mundo. O que me espanta é o fato de que as pessoas não param para pensar que houve uma agressão em uma mulher, e mesmo assim o público aprovou, inclusive um grande número de mulheres.
Será que a Lei Maria da Penha só se aplica quando o homem agride a mulher? A violência é o caminho para se fazer justiça? Quer dizer que uma mulher pode espancar outra que aí a sociedade aceita? Uma mulher deixa de ser mulher por ter uma conduta não aprovada pela sociedade?
O perigo deste tipo de cena é que pode gerar mais violência contra a mulher. E não estou falando de que é a novela que é responsável, mas falo de como nossa sociedade é contraditória. Levou-se muito tempo para aprovar uma lei que condenasse aqueles que fizessem qualquer tipo de agressão a uma mulher e, no entanto, “vibramos” com os hematomas que “decoraram” o rosto da vilã.
Minha opinião é que tudo aquilo é muito depressivo e sem nenhum tipo de contribuição para a construção de uma sociedade melhor. Seja uma mulher fútil, histérica e que foge da realidade, tal qual “Melissa”, ou uma que se dedica a subir na vida através de comportamento em que se prostitui, como “Yvone”, elas são seres humanos, não animais irracionais que brigam por macho num território natural, onde no fim uma delas vai sair gravemente ferida.
E, para vocês, mulheres que se colocaram no lugar da “Melissa”, cuidado para que um dia não estejam no lugar da “Yvone”, não como personagens, mas como mulheres que podem sofrer abusos, agressões e violentadas física e psicologicamente, justificados por um sentimento de justiça.

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