Novela ou vida real? Sempre me confundo
Às vezes, eu tenho dúvida se são as novelas que ditam a nossa vida ou se nossas vidas inspiram as novelas. Percebem como nossas novelas têm um caminho linear que são comuns, pois tudo é previsível. O vilão passa toda a trama vivendo confortavelmente com muito dinheiro, morando em luxuosos condomínios, carros importados, tráfico de influência. Enfim, aproveita de tudo que o dinheiro proporciona num país onde a inversão de valores domina a maioria das relações.
No fim da trama, talvez são presos ou morrem, mas aí já aproveitaram de tudo. E o honesto na novela? É o tempo todo batalhando, lutando por justiça, morando em condições limitadas e no fim continua assim e talvez se gaba que o bem venceu o mal. Mas, ele ainda vai continuar um miserável e desrespeitado.
Veja, então, a analogia: os casos das pedras preciosas, lembram? O protagonista ficou pobre? Os anões do Orçamento devolveram o dinheiro e estão morando de aluguel em alguma periferia? Você acha que se um grande senador que se comportou de modo a macular a imagem da política brasileira vier a falecer ele já não teria aproveitado muito da sua vida e deixado um grande “legado” aos seus descendentes?
Tudo isso passa para os nossos jovens que o crime compensa, pois é preferível viver pouco e com toda a mordomia do que viver muito cheio de dificuldades. Fico imaginando o quanto os corruptos nos seus imponentes lares debocham de reportagens que mostram quando um vigia, um gari, um porteiro, um taxista devolvem algo de valor que encontraram.
O que seria um exemplo para mudanças nas pessoas que decidem as nossas vidas, não passa de uma exceção. Chego à seguinte conclusão: se são as novelas que estão ditando o comportamento da sociedade, então essas deveriam ter outros roteiros onde o bem deveria sempre permanecer por todos os capítulos e o mal se extirpado logo no primeiro capítulo.
Mas, como ficaria o tal Ibope? Assim, é melhor continuar a prender a sociedade em tramas sórdidas do que uma novela que valorize a ética e o comportamento mais humano.
Enquanto isso não muda, os nossos protagonistas da vida real serão admirados por seus atos secretos de bondade. Mas, que boca danada, a do nosso querido Rui Barbosa, hein!?