UP-Altas Aventuras
Nova animação da Pixar é sucesso de bilheteria
direção: Pete Docter, Bob Peterson
elenco: (vozes) Christopher Plummer (Chico Anísio, no Brasil), Edward Asner, Jordan Nagai, John Ratzenberger
país: EUA
gênero: comédia, animação, aventura
ano: 2009
título original: Up
Quando vi pela primeira vez o trailer de “Up – Altas Aventuras”, confesso que senti uma ponta de esperança para o filme, uma vez que nessa história os dois protagonistas são seres humanos, e não máquinas ou animais falantes. E, seguindo uma linha humana de verdade, o filme é tocante e divertido, simples e complexo, apresentando ao público uma narrativa nova e completa.“Up – Altas Aventuras” conta a história de Carl Fredikisen, um homem cheio de vitalidade que se torna um idoso bastante carrancudo e nostálgico. Quando vê ser inevitável a perda da casa onde mora, decide encarar uma aventura que sonha a décadas, a bordo de sua casa flutuante e de um “ajudante” bastante trapalhão.

A história de Carl e Russel toca no âmago das vontades fantasiosas de cada um de nós, aquelas que temos quando ainda somos crianças e acreditamos num futuro mais brilhante e digno. E é nesse ponto que mora o trunfo do filme: ao tocar nessa questão, “Up” consegue atingir todo o público, não só as crianças ou adultos isoladamente, mas todos, pois todos já tivemos e criamos histórias fantásticas em nossas mentes, já fantasiamos nosso futuro ou o que faríamos se pudéssemos simplesmente mudar o curso da história. É um filme simples e que não tenta ser mais do que ele realmente é; não apela, em momento algum, para lições de moral ou frases feitas – aí um erro fatal de 90% dos filmes da Pixar. Aqui a história fala por si só.
É nesse caminho que acompanhamos a infância de Carl e seu encontro com a pequena Ellie, que futuramente seria sua esposa. A comunhão dos dois é tratada de uma maneira igualmente delicada e intensa, um amor que só cresce a cada dia. Os diretores Pete Docter e Bob Peterson acertam em cheio ao fazer a seqüência de envelhecimento dos dois de maneira magnífica, utilizando elipses adequadas e uma trilha sonora minimalista e tocante. Essa última palavra, aliás, pode ser usada em diversos pontos da trama, inclusive quando percebemos, ao final do filme, o percurso que Carl fez para chegar até a cena final. Russel, o garotinho atrapalhado e prestativo, é peça fundamental nessa engrenagem, demonstrando ter um senso de liberdade e também de lealdade que falta a muitos homens adultos – aí uma “lição” do filme que não precisa ser explicitada em palavras.
Claro, “Up – Altas Aventuras” ainda apela para alguns clichês clássicos, como bichos falantes e inteligentes, mas ainda mantém um certo ar de fantasioso nisso tudo. Talvez eles tenham encontrado uma maneira mais criativa de fazer isso, como por exemplo com a história dos cachorros falarem, mas utilizando um apetrecho tecnológico para tal. Ainda na parte técnica, a animação em si não evolui plasticamente, mas o filme consegue conjugar bem trilha sonora e outros elementos em cena, como as cores (muito bem utilizadas). Até a forma como os humanos são desenhados (um pouco próximo de “Os Incríveis”, é verdade) passa o recado de que a Pixar está, finalmente, aprendendo a equilibrar boas histórias com boa animação.
P.S.: A versão em 3D não vale o investimento de um ingresso mais caro que o usual. Pouca coisa é explorada.
Fonte: cafecompop